O Peso do Silêncio
"O silêncio não é a ausência de som, mas a presença de algo que não se deixa ouvir." – Adaptado de John Cage
Há silêncios que ecoam mais alto que qualquer grito. Na psicanálise, aprendemos que o que não dizemos – os desejos abafados, as dores caladas – constrói uma espécie de partitura invisível, regendo nossas ações sem que percebamos. Freud chamava isso de recalque, um mecanismo delicado que guarda o que a consciência rejeita, mas que o corpo, em segredo, insiste em carregar. A neurociência, por sua vez, nos mostra como essas pausas emocionais se acumulam, tensionando redes neurais até que o silêncio se rompa em ansiedade ou cansaço.
Na música, o silêncio é tão essencial quanto as notas. Uma pausa bem colocada dá sentido ao que vem antes e depois, como um respiro que organiza a melodia. Na vida, porém, nem sempre sabemos reger esses intervalos. Quantas vezes você já sentiu o peso de um silêncio que não explica? Ele pode ser uma defesa, um refúgio, mas também uma sombra que nos prende a velhos compassos. Entender o que ele esconde exige paciência – é como afinar um instrumento sutil, cuja corda vibra em frequências que só o inconsciente ouve.
Talvez o convite esteja em escutar essas pausas, em dar voz ao que se calou. E você, o que já ouviu no seu próprio silêncio?
Guilherme O. Hübner
www.gohubner.com.br
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