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Vivemos em plena cultura da aparência: o contrato de casamento importa mais que o amor, o funeral mais que o morto, as roupas mais do que o corpo e a missa mais do que Deus. Eduardo Galeano

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Vivemos em plena cultura da aparência: o contrato de casamento importa mais que o amor, o funeral mais que o morto, as roupas mais do que o corpo e a missa mais do que Deus.
Eduardo Galeano

Será que nos enxergamos conforme somos de verdade? Podemos adotar a sentença “sociedade narcísica” entendendo que esta vive a se observar através do espelho de suas próprias posturas culturais. Para a manuntenção da cultura padrão a exterioridade é o que importa, mesmo que por trás desta esteja tudo em desordem e conflitos. Enquanto tudo parece estar no lugar não existe a eventualidade de nenhuma manifestação de piedade (sentir o que o semelhante está sentindo).

Mas como isso, esse espírito piedoso, é possível se não existe espaço para uma demonstração sincera (sem máscaras, sem cera) do que ocorre no íntimo de cada Alma, de cada Persona? Somos todos empurrados pela cultura que estamos inseridos a sermos o Ideal desta, sem falhas aparentes, sempre vitoriosas e funcionais; sem atrapalhar o andamento narcísico da estrutura social vigente.

O arquétipo herdado toma conta de tudo e sem seus significados autênticos, apenas com a aparência do que deveríamos ser, ou daquilo que gostaríamos que fossemos.

Bom é quando podemos para e nos livrar desta confusão interna, não adaptada ao meio cultural e dar uma significação mais apropriada, com propósito, para além da mera aparência, sair de uma busca vazia de homologação sociocultural que, no fundo, não acrescenta muito à vida e descobrir dentro de si outras normas, regras próprias, as infinitas possibilidades de existir.

Guilherme O. Hübner

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