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O gênio, o crime e a loucura, provêm, por igual, de uma anormalidade; representam, de diferentes maneiras, uma inadaptabilidade ao meio. Fernando Pessoa

 


O gênio, o crime e a loucura, provêm, por igual, de uma anormalidade; representam, de diferentes maneiras, uma inadaptabilidade ao meio.
Fernando Pessoa   


É interessante considerar aqui o quanto se define por normalidade. O normal é algo subjetivo e ao mesmo tempo reconhecido pelo senso comum por trazer algum tipo de conforto e satisfação (prazer). O que foge ao normal ou é louvado, ou é condenado, ou é escondido de modo que não venha a interferir no bem estar da coletividade. Assim, de qualquer maneira, tem-se um problema, um conflito entre o que deveria ser, deveria ocorrer dentro de determinadas normas não escritas, o que deveria ser normal e o comportamento anormal.

Estes que se comportam assim ficam, involuntariamente, marginalizados, deslocados do sistema social, isolados. Ainda existe um esforço para transformá-los, para que se ajustem às normas de normalidade com a ilusão de que só assim poderão partilhar da mesma satisfação que os demais que seguem por esse caminho. É possível que alguns consigam, mas a realidade é que existem os que não se ajustam, não se adaptam aos modelos de seus pares pois não são como os seus pares; sua realidade, sua constituição é outra.

O caminho mais fácil é eliminar aquilo que diverge ou que ameaça o que está estabelecido. A biologia genética já aponta para esta solução quando uma determinada característica genética que apresenta um defeito é evolutivamente extinta a cada geração. A grande diferença é que não somos, enquanto sociedade, seres puramente genéticos: somos seres inteligentes, com capacidade cognitiva de raciocínio.

É urgente considerar a anormalidade como parte constituinte de uma nova normalidade e construir caminhos para lidar com ela de tal forma que todos se beneficiem e se adaptem a esta realidade que existe e está presente em nosso meio.


Guilherme O. Hübner

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